As discussões sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional ganham cada vez mais força e a redução da jornada é um apelo no mundo todo. Nos últimos anos o aumento do Burnout, como doença ocupacional, e o crescente afastamentos por transtornos mentais relacionados ao trabalho tem preocupado empresas e o governo. Uma pesquisa da TalentLMS e BambooHR com jovens da geração Z, que estão entrando agora no mercado de trabalho, revela que 42% deles deixariam o emprego caso tivessem sintomas de Burnout.
Há muito o que se refletir quanto às mudanças das relações do ser humano com seu trabalho. A reivindicação da redução na jornada de horas, por exemplo, visa a obtenção de se ter tempo livre do trabalho para se divertir, descansar e aprender outras coisas. Partindo deste pressuposto, poderíamos concluir que no trabalho não há tempo livre, nem diversão ou aprendizado de coisas novas. Se esta é a realidade, não deveríamos pensar em mudá-la ao invés de suportá-la para ter uma compensação só mais tarde ou outro dia?
A consistência que nós esperamos, que irá elevar este momento a uma relação engajada com o trabalho, virá do quanto estas pessoas acreditam no que estão fazendo e sentem que aquele trabalho as representa e tem valor para a comunidade.
Esta relação comprometida com o trabalho é possível quando este sentimento de orgulho e prazer é nutrido quando há um ambiente comunitário na empresa, onde cada qual é respeitado como indivíduo nas suas capacidades e limitações, e cada contribuição tem igual importância para o todo. Onde as pessoas aprendem e se divertem porque aceitam a si mesmas e aos outros e expandem suas capacidades criativas.
Quem sabe dentro de um futuro bem próximo nosso chamado de socorro será ouvido? Mayday, mayday, mayday, há muitas pessoas sofrendo no trabalho! E a partir deste dia as máquinas farão o que lhes compete, deixando para a humanidade o que é essencialmente humano, ou seja, criatividade, empatia e propósito. Quem sabe a partir deste dia vamos celebrar uma nova conquista da humanidade.
Sobre a Wagner Rodriguês
Psicólogo, especialista em saúde mental, pós-graduado em Comunicação Empresarial e Comunicação de Marketing
Com mais de 20 anos como executivo de grandes empresas em cargos de diretor nas áreas de recursos humanos. Criador do programa 4Human de gestão de saúde mental nas empresas.