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Do cotidiano dos comuns ao Estado: somos todos corruptos?

Blog
30 de janeiro de 2019

Nelson Rodrigues, dramaturgo brasileiro, afirmava que toda unanimidade é burra e que, quando todos pensam igual, ninguém está pensando. Verdades inquestionáveis. Vejamos por que: quando não há discussão, não há troca, impossibilita-se a chance de uma construção conjunta criativa, díspare e única. Aquele que não compartilha algo, que guarda suas preciosidades para si, pode perder grandes oportunidades de evitar o sofrimento da solidão dos próprios pensamentos. Aquele que se cala, consente; já advertiria o velho adágio nacional. Não que silêncios e períodos de introspecção não sejam importantes. São e muito, mas, depois do ato de auto busca e descobertas finalizado, não se vai compartilhar? Trocar? Morre-se com as descobertas singulares sem que estas impactem o outro? É, Nelson, você acertou em cheio.

E qual a relação de Nelson Rodrigues e o título do texto e as lideranças e as organizações e o Estado? (Sem vírgulas para que se perca o fôlego propositadamente.) Creio que o brasileiro precisa rever algumas opiniões para que o futuro não traga tantas “surpresas” negativas como as que têm visitado a nação. Contudo, ainda me valendo de adágios, Depois da tempestade, vem a bonança. Que esta chegue, mas, para tanto, a falta de discussão política bem como a ausência de memória histórica devem ser revistos porque, o não saber bastante coletivo tem custado à atualidade vexames dignos de terras despóticas da Idade Média, período em que Nicolau Maquiavel já o dizia: “Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.” Esta mesma ambição desmedida, antiética, vergonhosa migrou do ontem para o hoje e se alastrou pelas bases político-econômicas brasileiras assolando empresas-símbolo do orgulho nacional como a Petrobrás. Se Monteiro Lobato estivesse vivo, talvez bradasse em uníssono: Eu disse! – uma vez que já havia alertado que o petróleo era nosso tendo sido combatido e aviltado pelas forças governantes de então.

É preciso reler o passado de erros para que o amanhã seja de acertos. O que passou, passou… quando os fatos não deixam rastros, ou seja, consequências. Contudo, se estas existem, hão de ser vividas por gerações vindouras – algumas desmemoriadas – tratadas com descaso pela ambição daqueles que maquiavelicamente agiram em benefício próprio. E tal realidade vale para empresas ao Estado organizado, afinal, são os pequenos núcleos que progridem, evoluem, ganham peso e renome e impactam sociedades quando avolumados. Assim, os pequenos atos cometidos aqui e ali sem que a eles se dê a importância de seu valor ganham monta. Neste sentido, pais que prometem aos filhos presentes caso tirem nota na prova, funcionários públicos que burlam datas aos seus apadrinhados, colaboradores que desviam mercadorias nas empresas em que trabalham, o um real que nunca é devolvido no troco são exemplos de pequenos atos corruptos que, um dia, impactarão o daqui a pouco, o amanhã.

Somos, então, todos corruptos? Deixemos Nelson Rodrigues responder: “Não.” O que é preciso ser feito é trazer à tona os pequenos atos de respeito, de condutas éticas e idôneas, as ações de solidariedade. Some-se a isso uma boa dose de memória para que, aprendida a lição, esta não se repita; apenas nos torne Brava, gente brasileira, como o trecho do Hino da Independência nos descreve. Sim, eu me lembro. Aprendi na aula de Educação Moral e Cívica.

 

Paula Guimarães é Coach formada pelo ICI ? Integrated Coaching Institute. MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela Fundação Getúlio Vargas, pós-graduada em Dinâmicas de Grupo pela SBDG e em Gestão de Pessoas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Practitioner pela Sociedade Brasileira de Programação neurolinguística ? SBPNL. Professora e bacharel em Direito pela Unitau, experiência de 20 anos nas áreas de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Produção de Textos em organizações. Treinamento organizacional na área comportamental e de comunicação e expressão. Elaboração, assessoria, consultoria e desenvolvimento de treinamento para implementação de programas de Liderança, Comunicação e Eficácia Comportamental. Professora do Curso de Pós ADM da fundação Getúlio Vargas nas áreas de Comunicação, Gestão Eficaz de Pessoas, Negociação, Estratégia de Negócios e professora de MBA FGV em Criatividade e Inovação e Gestão Estratégica de Pessoas. Executiva e Diretora – Proprietária da Paula Guimarães – Comunicação para o Sucesso. Coordenadora de Inteligência Educacional da Conexão T&D.


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