O mundo empresarial está passando por mudanças que parecem envolver a reavaliação dos pressupostos básicos de nossa sociedade: o desenvolvimento, os negócios e a democracia.
Nosso mundo como um todo, na verdade, está passando por transformações, desde a destruição crescente do meio ambiente aos diversos problemas sociais que seguem sem solução. E a redefinição do papel do trabalho, no entanto, não ganhou a mesma relevância na discussão pública.
Afinal, pouco se vê na mídia algo sobre a quantidade de trabalhadores que consideram seu trabalho como sem sentido, dadas as circunstâncias da economia atual. Fica fácil para o trabalhador saber o que não quer, pois, com o passar do tempo, se torna cada vez mais claro o que não está funcionando hoje em dia.
Vamos abordar uma questão que algumas organizações acabam por não priorizar em diversos momentos: a liderança. Mais especificamente, vamos falar do perfil de liderança criativa.
O que o mundo corporativo debate muito são as qualidades de um bom líder. Saber escutar, ter bastante desenvoltura com as soft skills, ter a capacidade de inspirar a sua equipe e não de possuir os vícios já ultrapassados de autoritarismo e isolamento.
E o que mais compõe o perfil ideal dos líderes?
Vamos falar primeiro dos líderes criativos, aqueles que pensam diferente e brincam com as ideias.
Hoje em dia, a criatividade se tornou a principal prioridade para a sobrevivência da maioria das organizações. Isso acontece porque a criatividade e a inovação impulsionam o progresso e permitem que as organizações mantenham uma vantagem competitiva sobre as demais.
Os líderes sempre enfrentam problemas complexos e dinâmicos nos ambientes organizacionais. Esses desafios vão desde lidar com a gestão de pessoas até decisões sobre estratégia, mercados, recursos, mudança tecnológica e mudança ambiental.
Essencialmente, esses desafios se misturam em sistemas complexos de mudança.
Para resolver essas situações adversas, é necessário que o líder possua habilidades criativas de resolução de problemas, possibilitando que ele identifique quais são os problemas chave, e assim gerem ideias criativas que serão posteriormente avaliadas, e que seja feito um plano de implementação.
O líder criativo
Os líderes por si só não costumam ser criativos. O conceito de liderança criativa é que os líderes criativos inspiram e estimulam a criatividade, a resolução de problemas e a inovação não só em suas equipes, mas também na organização em geral.
Ele relaciona-se com processos de pensamento que associam imaginação, insight, inovação, intuição inspiração, iluminação e originalidade.
Essas são as principais áreas nas quais um líder pode desenvolver sua criatividade e, por fim, a capacidade mais ampla de sua organização.
Cinco habilidades necessárias para o líder criativo
1: Conhecimento
Os líderes às vezes precisam de informações detalhadas que podem ajudá-los a lidar com situações específicas.
Um líder criativo precisa ter conhecimento, associado à capacidade de anteceder, planejar e gerenciar crises.
Líderes especializados que tinham mais experiência e conhecimento em uma área específica provaram ser mais orientados para a ação em tarefas inovadoras. Por conta de seu repertório, eles rapidamente reconhecem os problemas e apresentam melhores soluções em tarefas criativas.
No entanto, o conhecimento que não é renovado e depende de velhos modelos mentais tem um resultado bem diferente.
Os líderes que não aprendem e não buscam novos conhecimentos podem rapidamente ficar presos ao passado. Embora sejam experientes, esses líderes acabam por prejudicar a criatividade e a inovação.
Isso acontece porque os seus filtros internos negam possibilidades e dependem fortemente de sucessos anteriores que podem estar desatualizados e não mais relevantes para os mercados e o ambiente em geral.
2: Inteligência Emocional
Pessoas com um alto nível de inteligência emocional são capazes de controlar e compreender não só suas próprias emoções, mas também as das pessoas ao seu redor.
Líderes com maior inteligência emocional promovem níveis mais elevados de criatividade no local de trabalho.
Você também pode usar as emoções para ajudar na tomada de decisões. A inteligência emocional dos líderes afeta criticamente o desempenho da liderança. Em outras palavras, um líder sem inteligência emocional é incapaz de construir relacionamentos de trabalho.
No entanto, a inteligência emocional também tem um efeito positivo na criatividade. Indivíduos com bom humor e bons sentimentos costumam ser mais criativos.
3: Receptividade
Os líderes criativos demonstram curiosidade intelectual, e são abertos a novas experiências.
Nem todas as atividades de liderança envolvem criatividade. No entanto, pesquisas mostram uma forte relação entre receptividade e criatividade, especialmente em situações que requerem soluções inovadoras.
4: Tolerância para ambiguidades
Os líderes com mais tolerância para ambiguidade geralmente são mais capazes em abraçar a incerteza, sendo mais adaptáveis e flexíveis com os problemas que podem ser encontrados.
Além disso, a tolerância à ambiguidade é uma proteção contra os eventuais estresses das posições de liderança.
5: Hábitos criativos
A criatividade, ao contrário do que pode se pensar, não é um dom: ela pode ser desenvolvida com prática. Isso requer tempo e foco.
Algumas maneiras de incentivar a sua criatividade são:
- Mudar o foco para algo diferente por um tempo
- Compartilhar o problema que está enfrentando com alguma pessoa de fora, sem relação com o problema
- Mudar a rotina ou o ambiente
- Fazer uma breve pausa
- Brainstorming
- Erro e tentativa
- Abandonar a perfeição
- Ser mais espontâneo
Paulette Albéris Alves de Melo é PhD em Administração pela Florida Christian University, é Mestre em Administração pela Universidade Imes – USCS. Especialista em MBA – Gestão Empresarial pela FGV-EPGE e Pós-graduada em Administração de Instituições Financeiras pela FGV- EAESP. É graduada em Direito. Possui experiência profissional de 29 anos atuando na indústria financeira como Executiva do Grupo Santander , tendo sido Superintendente Regional. Baixada Santista e Vale do Paraíba na liderança de equipes.
Professora Premiada nos quatro últimos anos como a melhor professora de gestão de pessoas nos MBAs da FGV. Ministra aulas em vários cursos da Fundação Getulio Vargas, fazendo parte do seleto grupo de professores do curso – CEO – FGV e nos seguintes MBAs: MBA Internacional em Marketing, Gerenciamento de Projetos, Comércio Exterior e Gestão de Negócios Internacionais, Gestão da Tecnologia da Informação, Gestão Empresarial, Gestão de Pessoas, Controladoria e Auditoria. É coautora do livro Ética e Responsabilidade Social das séries de Gestão da FGV e Capacitação e desenvolvimento humano.
Tem ministrado palestras e aulas em empresas como Rede Globo, SBT, Bradesco, Banco do Brasil, Petrobras, ItaúUnibanco, Clariant do Brasil, SERPRO, Henkel do Brasil, Ford, Grupo Águia Branca, Unimed, ABRH, Sicredi, CETURB, Hospital Emílio Ribas, AstraZeneca, Arcelor Mittal e inúmeras outras. Foi Presidente durante dez anos de empresa do terceiro setor. Além da sua experiência como executiva, tem experiência como consultora através de sua empresa, a Decorh Treinamento em Liderança Ltda., atuando com Coaching & Mentoring para a alta gerência das empresas.