Um assunto muito comentado a respeito da vida empresarial durante a pandemia é a maneira como a transformação digital passou a ganhar espaço devido ao isolamento social. O que muitos especialistas debatem são as mudanças que devem acontecer após esse momento de turbulência..
A certeza, de acordo com o professor Luciano Salamacha, dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV) na STRONG, é de que as coisas não voltarão a ser como eram antes da pandemia de Covid-19. “É irreversível. Mas também não continuaremos da forma como estamos agora. ”
Salamacha explica que o comportamento dos gestores durante a crise teve três ciclos. O primeiro, quando a pandemia estourou, que foi tomado pelo medo, no qual executivos e empresários não sabiam como agir diante de uma situação sem precedentes. “Perguntei para um empresário bem experiente, de mais de 70 anos, sobre que referência ele usava para tomar decisões naquele momento. Ele me respondeu que nenhuma, pois em todos seus anos de vida nunca viu nada parecido. ”
As ações nesse período foram focadas apenas na sobrevivência das empresas, que buscaram preservar o caixa, rever suas relações com os fornecedores e aguardar as medidas do governo em relação às questões trabalhistas.
Conforme o tempo passou, iniciou-se o segundo ciclo, o de ansiedade, segundo o professor. “As pessoas queriam voltar ao normal, mas o mercado corporativo percebeu que não adiantava essa vontade, porque isso não depende do querer das pessoas, e sim do comportamento do coronavírus”, afirma Salamacha.
Agora passamos pelo momento de entendimento e aceitação. E é agora que cabe a discussão sobre as mudanças de comportamento promovidas pela pandemia. O primeiro ponto levantado pelo professor Salamacha é a questão de como trabalhar em casa. Ele conta que o empecilho antigamente era que o caso não era aplicável ao coletivo.
“Agora não existe mais a zona de sombra, as pessoas enxergam ou não. E os executivos descobriram que poderiam produzir mais a partir do home office”, diz o professor. Outra mudança ligada a esse novo comportamento, segundo ele, é na questão da meritocracia. “Os indicadores de esforço foram eliminados e substituídos por indicadores de resultado. ”
A meritocracia e a valorização dos colaboradores não serão mais a mesma coisa. Existem casos de executivos tidos como grandes líderes que entraram em choque com as novas mudanças e não conseguiram resultados positivos, assim como gestores outrora questionados que souberam se adaptar bem a essa nova situação e chamar para a si a responsabilidade de reconduzir a empresa durante a crise.
Na situação atual e para o pós-crise, as empresas devem questionar algumas metodologias antigas que não fazem mais sentido para os dias atuais, otimizando a sua produção e estabelecendo novos métodos que beneficiam tanto a empresa quanto o funcionário.
“Não se trata de que esses métodos mais antigos não traziam valor. É que o modus operandi das empresas deve sofrer alterações. Os processos mudaram”, conclui Salamacha.
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