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Como a comunicação pode salvar vidas

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18 de setembro de 2023
No filme “Do que as Mulheres Gostam”, protagonizado por Mel Gibson, o personagem principal adquire a habilidade de ouvir os pensamentos das mulheres ao seu redor após um acidente. Ele descobre que uma colega de trabalho, a qual nunca havia prestado muita atenção antes, está enfrentando pensamentos suicidas.

Infelizmente, situações como essa não são incomuns em ambientes corporativos e não é necessário ter poderes especiais para perceber quando um colega de trabalho está sofrendo de depressão. A psicóloga especialista em comunicação, Shana Wajntraub, enfatiza que basta prestarmos atenção aos sinais que as pessoas em nosso ambiente podem emitir. É essencial que, principalmente os líderes, desenvolvam essa habilidade de leitura para mitigar o sofrimento mental nas corporações.

Setembro entrou com o amarelo dos ipês e da campanha de atenção ao suicídio. Vivemos uma pandemia de doenças psicossomáticas, a mais grave, a depressão. É provável que você, que me lê, conheça alguém que enfrenta essa condição. Se essa pessoa está próxima de você, certamente entende quão desafiador pode ser iniciar uma conversa sobre o assunto.

“A cura pela fala” – essa expressão atribuída ao mestre da psicanálise, Sigmund Freud, mostra o quanto a comunicação é terapêutica. A terapia baseada na comunicação se tornou uma das bases fundamentais da psicologia clínica e da terapia, embora tenha evoluído ao longo dos anos para diversas abordagens na psicoterapia contemporânea. Independentemente do método, é evidente que a terapia, seja ela freudiana, junguiana,psicodinâmica, comportamental ou qualquer outra, desempenha um papel crucial no tratamento da depressão. No entanto, é alarmante saber que apenas 5% das pessoas no Brasil tiveram acesso à psicoterapia, de acordo com a pesquisa Panorama de Saúde Mental do Instituto Cactus e AtlasIntel.

O objetivo aqui não é substituir a psicoterapia, mas fornecer orientações para que qualquer pessoa possa estabelecer uma comunicação eficaz com alguém que sofre de um distúrbio psicossomático.

A psicóloga Shana Wajntraub oferece diretrizes sobre como abordar a comunicação no ambiente de trabalho com alguém que está passando por sofrimento:  

Eduque-se sobre a depressão: É fundamental entender o que é a depressão, seus sintomas e como ela pode afetar a vida e o trabalho de alguém. Isso permitirá que você tenha empatia e lide melhor com a situação.

Seja empático: Demonstre compreensão para com a pessoa que está sofrendo de depressão. Reconheça que a depressão é uma doença real e não uma fraqueza de caráter. Esteja disposto a ouvir atentamente quando a pessoa quiser compartilhar seus sentimentos, evitando fazer julgamentos ou críticas.

Mantenha a confidencialidade: Respeite a privacidade da pessoa com depressão. Não compartilhe informações sobre sua condição com outras pessoas, a menos que tenha permissão explícita para fazê-lo.

Ofereça apoio: Pergunte à pessoa como você pode ajudar. Algumas pessoas podem preferir espaço, enquanto outras podem precisar de apoio emocional. Esteja disposto a adaptar sua abordagem às necessidades dela.

Flexibilidade no trabalho: Se possível, ofereça horários de trabalho flexíveis ou razoáveis para ajudar a pessoa a enfrentar os desafios da depressão. Isso pode incluir permitir pausas regulares, ajustar prazos ou até mesmo permitir que trabalhem remotamente, se for viável.

Encoraje a busca de ajuda profissional: Incentive a pessoa a procurar ajuda de um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra. Você pode sugerir recursos disponíveis por meio do plano de saúde da empresa ou programas de assistência ao empregado.

Mantenha a comunicação aberta: Garanta que a pessoa saiba que pode falar com você se estiver enfrentando dificuldades. Esteja atento a sinais de agravamento da depressão, como isolamento extremo, queda no desempenho no trabalho ou mudanças significativas de comportamento.

Evite estigmatização: Promova um ambiente de trabalho livre de preconceitos em relação à saúde mental. Isso pode incluir a promoção de programas de conscientização e treinamento para os funcionários.

Seja paciente: Lembre-se de que a recuperação da depressão pode ser um processo demorado. Esteja disposto a oferecer apoio contínuo.

Consulte recursos internos: Se sua empresa tiver um departamento de recursos humanos ou um profissional de saúde mental no local, considere consultar esses recursos para obter orientação adicional sobre como lidar com a situação.  

Shana enfatiza que lidar com a depressão no ambiente corporativo requer uma abordagem cuidadosa e compassiva, pois cada pessoa é única e suas necessidades podem variar. Portanto, a flexibilidade e a empatia desempenham um papel fundamental na gestão dessa situação delicada.  

Sobre a Shana Wajntraub :  
Psicóloga especialista em neurociência com mestrado em comunicação, análise do comportamento pela MMU no Reino Unido, Paul Ekman, e atua há mais de 20 anos no Brasil e países da América Latina. É autora do livro ” A arte da comunicação de Impacto ” e especialista em treinamento com Strorytelling . Congressista da T&D da América Latina, maior evento focado em profissionais que desenvolvem pessoas nas organizações. Além disso, é Tedx Speaker, programa criado para organizações e profissionais através de eventos TEDx. A psicóloga tem mais de 50 mil seguidores em suas redes sociais. Veja o vídeo sobre o tema https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:7085628165624086528/  

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