A questão do emprego, ou mais precisamente a falta de emprego, é provavelmente uma das mais sérias atualmente em todos os países. Que a tecnologia substitui o ser humano em tarefas repetitivas é algo bem conhecido. Mas temos agora uma situação inédita no mundo: pela primeira vez estamos vendo trabalhadores intelectuais serem substituídos por computadores e por sofisticados softwares de inteligência artificial. Atualmente um exame médico por imagem pode ser interpretado por um software de inteligência artificial com alto grau de acurácia. Em algumas situações, o software pode ser mais preciso do que um médico real.
Isso substitui o trabalho operacional de um médico. Esse é um dos possíveis exemplos de substituição da força de trabalho de profissionais intelectuais por computadores. Não se trata mais daquilo que o mundo já estava mais ou menos acostumado: a substituição da força de trabalha operária por máquinas automatizadas em processos industriais repetitivos. Para piorar a situação, as novas tecnologias permitem a criação de modelos de negócio que arrasam setores inteiros da economia. Os taxistas que o digam frente à força avassaladora do Uber.
Onde isso vai parar?
Essa é a grande pergunta que todos fazem. A verdade é que ninguém sabe bem ao certo o resultado dessa nova revolução que estamos vivendo. Apesar da impossibilidade de fazer prognósticos precisos, algumas afirmações podem ser feitas com certezas. Algumas profissões vão desaparecer e novas profissões vão surgir. A automação de processos intelectuais repetitivos veio para ficar da mesma maneira como a automação industrial já tomou conta das atividades de chão de fábrica.
Qualquer processo repetitivo poderá e será automatizado. As razões para esse fenômeno são simples. Num processo repetitivo as variáveis são conhecidas. Com o advento da inteligência artificial é possível fazer com que o computador aprenda o processo, justamente porque a repetição gera dados que permitem tratamentos matemáticos para fins de aprendizagem da máquina. Além disso um computador tem a vantagem de não criar demandas e contenciosos trabalhistas.
A operação de máquinas costuma sair mais barato para o empresário do que o uso de mão-de-obra humana. Por fim a qualidade pode ser melhor do que se humanos fossem usados. Conclusão: nem mesmo o serviço de profissionais altamente qualificados, como por exemplo, médicos e advogados estará a salvo.
Péssimas notícias, será?
As novas tecnologias criam um excelente cenário para os profissionais que lidam com Gerenciamento de Projetos. Projetos são esforços temporários destinados a gerar um novo produto, um novo serviço ou um resultado específico. Projetos são diferentes da rotina operacional. Apesar de ser possível usar recursos de inteligência artificial para planejar e gerenciar um projeto, o fato é que projetos são únicos. Justamente pelo fato de os projetos serem únicos e terem que gerar coisas novas, o emprego de seres humanos é essencial.
As possibilidades de variação na concepção, planejamento e execução de um projeto são infinitas. E isso demanda inteligência humana, que como todos sabem, não é tão boa quanto a dos computadores para executar cálculos repetitivos em alta velocidade. Mas a mente humana tem a infinita capacidade de gerar soluções incríveis. Pense nisso. Cada nova tecnologia demandará milhares (ou talvez milhões) de novos projetos. E isso criará uma enorme demanda por profissionais de gerenciamento de projetos. Como se vê, o cenário atual não é ruim para todos.
Sobre o Autor
Álvaro Camargo é um profissional com 36 anos de experiência nas áreas de negócios e projetos empresariais. Autor de livros e artigos científicos. Professor e palestrante. Profissional com 35 anos de experiência na área de gerenciamento de projetos e negócios. É Mestre em em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com foco de pesquisa em capacidades dinâmicas e gerenciamento de projetos. Possui MBA em Administração de Projetos pela Fundação Instituto de Administração da USP.
É graduado em Ciências da Computação pela Universidade Paulista e é certificado como PMP – Project Management Professional pelo Project Management Institute. Atuou em projetos de grande porte nas áreas de energia, industria, petroquímica e outrOs. É docente dos cursos de MBA na STRONG FGV e da Brazilian Business Scholl e do curso de MTA em Agronegócio da Universidade Federal de São Carlos. Possui experiência internacional com participação em projetos e cursos nos Estados Unidos, Japão, Angola, Argentina e Colômbia.