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Transição de Carreira: Como fazer?

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23 de fevereiro de 2021

Quando você não está satisfeito com a sua situação profissional, chega um momento que você começa a cogitar uma transição de carreira.

São vários os motivos que podem levar um profissional a buscar uma mudança de ares: pode ser por frustração pessoal, pela remuneração ou até mesmo um desgaste que se acumulou com o tempo.

Mas uma vez que você toma a decisão de fazer uma transição de carreira, fica aquela dúvida: qual é o próximo passo?

Consultamos os professores Randes Enes e Flávio Schneider, dos cursos de MBA da STRONG FGV, para formular um guia para te ajudar a entender os seus motivos e como buscar uma nova carreira.

Quais os motivos mais comuns para uma transição de carreira?

Trocar de profissão é uma vontade mais comum do que se imagina. De acordo com o professor Flávio, esses são os motivos mais frequentes que motivam pessoas a mudar de carreira:

  • O início da carreira já foi uma decisão errada;
  • Qualidade de vida;
  • Não está feliz com a profissão;
  • Mudança no mercado e de tecnologias;
  • Oportunidades em outras áreas e ramos;
  • Busca de desafios e motivação;
  • Não aguenta mais atuar na mesma área;
  • Não está feliz com a vida profissional e carreira atual

São três os princípios, segundo o professor Randes, que você deve seguir na hora de fazer a transição de carreiras:

  • Aquilo que lhe desperta profunda paixão;
  • A atividade na qual você pode ser o melhor do mundo;
  • O que aciona o seu motor econômico

A partir disso, faça essas três perguntas a si mesmo:

  • Qual é o meu propósito? Ou seja, qual é o meu chamado? (Paixão)
  • Qual é a minha missão? Ou seja, qual legado que desejo deixar? (Talento)
  • Qual é a minha atividade? Ou seja, qual é o meu trabalho? (Gratificação)

Ao responder essas perguntas, você já terá uma base para tomar a sua decisão: é hora de mudar de profissão!

Não é tarde demais para fazer uma transição de carreira?

Não! Esse era um pensamento frequente antes da virada do século. Agora, isso é um mito. Vivemos nas últimas décadas um desenvolvimento sem precedentes. Ideias inovadoras continuam surgindo num ritmo cada vez mais veloz, dando uma sensação para todos nós que o processo de transição e de conhecimento nunca chega ao seu fim, e de fato não chega. E neste cenário de desenvolvimento o que está fazendo a diferença e aumentando a competitividade é a qualidade do conhecimento e a capacidade de transformar talento em desempenho e isso não depende da idade.

O modelo de carreira não é mais o mesmo de antigamente, até porque são poucos profissionais que ficam 20 ou 30 anos numa mesma empresa. Os profissionais buscam desafios e realização profissional e neste contexto mudar de vida profissional e alterar os rumos da sua carreira é algo possível para qualquer pessoa, independentemente da idade.

A questão da idade não é importante?

Segundo o prof. Flávio, não mais. Atualmente, as empresas privilegiam mais o conhecimento e a experiência do que a idade. E se você quiser empreender, então a questão idade é menos importante.

Ou seja: a idade não é motivo para se prender a uma carreira que não está te satisfazendo. A hora certa para a mudança, segundo o prof. Randes, é quando o propósito do trabalho está fora do propósito pessoal – o “jump” profissional, que não tem um ano específico de vida ou de tempo de carreira para ser feito.

E como fazer a transição de carreira?

Uma vez que você já descobriu que quer mudar de vida, surgem as dúvidas: devo largar tudo e entrar de cabeça em uma nova área? Devo fazer outra faculdade? Conciliar a minha profissão atual com a preparação para uma nova carreira?

A tomada de decisão depende de fatores emocionais e financeiros. O profissional que decide fazer uma transição de carreira é porque está em busca, muitas vezes, de satisfação profissional e/ou qualidade de vida. Portanto, é alguém que busca se encontrar profissionalmente ou pessoalmente e que de certa forma não está feliz com a atual situação da sua carreira.

Mas e se a profissão atual tiver uma boa remuneração?

Se a nova profissão ainda não oferta uma gratificação semelhante, naturalmente isso vai gerar um conflito sobre a melhor escolha. É um dilema que muitos podem passar em algum momento de sua carreira, principalmente quando o fator motivacional no trabalho estiver mais baixo.

Para suportar este momento, a busca por profissionais especializados em carreira, tais como coaches e/ou psicólogos permitirá identificar o melhor momento da ruptura. A transição de carreira deve ser algo bem pensado e com maturidade.

Deve ser feita uma análise dos porquês dessa transição e quais as reais necessidades. Esse é um momento de auto-avaliar a sua carreira de forma profunda e não cair na tentação de mudar uma carreira por motivações e descontentamentos momentâneos, até porque na vida profissional podemos ter altos e baixos, como por exemplo, um projeto não aprovado e que você apostava muito.

Faça algumas perguntas poderosas a você mesmo:

  • Essa mudança vai ser bom para você?
  • Vai ser bom para a sua família?
  • Será positiva em sua vida?
  • O que você vai ganhar com essa transição?

E uma vez evidenciado a necessidade de mudança siga em frente fazendo um levantamento das opções de mercado, áreas promissoras, profissões onde não existe uma alta demanda, oportunidades de desenvolvimento e de empreender entre outras. Talvez em função da área ou atividade definida você tenha que fazer uma especialização. Mas lembre-se, que a escolha deve ser feita para algo que lhe traga desafios, motivação, realização e felicidade.

O professor Randes pessoalmente passou por um momento de transição em sua carreira. Veja o depoimento dele sobre como foi a experiência:

“Atuei por 18 anos na área de cosméticos, e devido as minhas experiências como gestor e instrutor de equipes, havia um desejo muito forte de exercer paralelamente a profissão de docente. Naquele momento, realizei um processo de coaching que me auxiliou e encurtar o caminho da transição para chegar no meu objetivo. O primeiro passo foi buscar novos conhecimentos e a partir daí que cursei o meu primeiro MBA, com muito orgulho, na FGV. Faltando seis meses para o término da especialização, recebi um convite da empresa para assumir o cargo de diretor de marketing e inovação, pois o presidente ficou admirado pelos resultados de gestão que atingia para a organização, e mudei para São Paulo para exercer este novo cargo.

No entanto, também já estava decidido em seguir a profissão de docente, a qual foi impulsionada quando iniciei na FGV, nesta conceituada conveniada, STRONG em Santo André Naquele momento não era prudente largar tudo e seguir o meu propósito de vida, mas atuei por seis anos com as duas profissões até chegar o momento certo para a ruptura e pedir demissão após 10 anos na empresa para exercer a docência na educação executiva.

Nesta transição, uma profissão corroborou com a outra, pois desde então, todas as expertises vivenciadas na carreira me auxiliam nas minhas atividades, seja em sala de aula, nos processos de coaching e mentoring executivo e nas consultorias em gestão estratégica.”

Ou seja, a questão da ruptura vai depender da situação profissional específica de cada um: com o que cada um trabalha atualmente e para que área deseja migrar.

Um diretor financeiro que decide empreender e abrir uma pousada numa praia no nordeste do país, onde irá gerenciar toda a empresa, irá passar por uma ruptura total. Num exemplo de ruptura parcial, podemos ter um advogado que atua na área de contencioso bancário para a gestão do património, ou seja, migrar de área, mas continuar atuando como advogado. Portanto, transição de carreira é o movimento no qual um profissional realiza uma mudança na sua área de atuação ou, então, no seu posicionamento nessa área.

Uma pessoa que não é auto-motivada terá mais dificuldade na transição. E talvez, mesmo após a transição continuará não se realizando profissionalmente. O primeiro passo nesses casos é se encontrar consigo mesma.

Quanto as circunstâncias, precisa fazer uma análise do mercado, da área ou ramo de migração da profissão e também das oportunidades. Neste momento, com a pandemia de COVID-19, embora muitas empresas estejam passando por dificuldades, outras não estão – existem muitas oportunidades, pois o jeito de trabalhar está se transformando e novos serviços e oportunidades estão surgindo.

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Flavio Schneider é coach, consultor, palestrante e professor da FGV. Mestre em Gestão e Políticas Universitárias para o MERCOSUL pela Universidade Nacional Lomas de Zamora, Argentina. Especialista, Pós-Graduado em MBA Gestão Empresarial pela FGV, Pós-Graduado em Administração de Empresas pela FAAP e Graduado em Engenharia de Produção pela IEEP. Formação HPC “High Performance Coaching HPC – Modalidades Self, Life e Professional”  e APC – Analista de Perfil Comportamental pela ISI INFINITY. 

Possui 28 anos de experiência profissional em empresas de serviços, dos quais dedicou a maior parte deles às empresas Sóciété Générale Du Surveillance, Porto Seguro, Liberty Mutual e Strong Educacional (conveniada da FGV), atuando como gestor em áreas administrativas, comerciais e de marketing. Desenvolveu experiência internacional trabalhando em Angola, Moçambique e África do Sul. Desde 2009 atua como professor da FGV Management e professor/tutor da FGV Online. É sócio da Visio Consulting na área de coaching, treinamento e desenvolvimento humano.

Randes Enes é Doutorando em Psicologia da Saúde (Metodista/SP); Mestre em Sistemas de Gestão pela Qualidade Total (UFF/RJ), possui 03 MBAs, sendo em Organizações e Estratégia (UFF/RJ); Gestão de Negócios e Projetos (ISCTE/Lisboa); e Marketing de Varejo (FGV). Possui mais de 28 anos de experiência profissional principalmente no segmento de cosméticos. Nos últimos 12 anos, exerce suas habilidades em consultorias em Gestão Estratégica, coaching e mentoring executivo, palestras, treinamentos comportamentais e atividades experienciais.

Tem diversas reportagens publicadas nos maiores meios de comunicação, entre eles: Revista Você S.A, Revista Isto É Dinheiro, Jornal Valor Econômico em matérias focadas em gestão empresarial, além de diversos artigos publicados nacional e internacionalmente sobre Espiritualidade Corporativa e recentemente publicou seu livro com o tema: Empresa Espiritualmente Dirigida. Há mais de 13 anos é docente nas principais instituições de ensino, entre elas, FGV nos programas de educação executiva nas áreas de gestão de pessoas, estratégia, marketing e vendas.


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