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A história da sobrevivência das maiores cervejarias americanas durante a lei seca e o que isso tem a ver com o gerenciamento de projetos

Blog
01 de junho de 2021
lei seca e gerenciamento de projetos

A lei seca, que vigorou nos Estados Unidos de 1920 até 1933 tirou do mercado muitas  cervejarias. Das mais de 1.300 cervejarias em operação em 1915, não mais do que 100 sobreviveram. Já pensou se o produto ou serviço de sua empresa fosse proibido da noite para o dia? O que as poucas empresas que sobreviveram a essa lei fizeram? E qual a relação disso com o gerenciamento de projetos?

No início da Lei Seca, muitas cervejarias optaram por fazer cervejas sem álcool. Mas o mercado americano não aceitou bem essa inovação.  Os consumidores queriam cerveja de verdade. E quando a proliferação de contrabandistas e bares clandestinos tornou fácil o acesso a cervejas verdadeiras, o mercado de cerveja sem álcool afundou. Por outro lado, muitas cervejarias esperavam que a Lei Seca durasse pouco tempo. Mas a vigência da lei durou 13 anos. Quem ficou esperando a lei ser extinta para agir simplesmente foi extinto.

A Anheuser-Busch vendeu metade de seus ativos imobiliários e lançou mais de 25 produtos sem álcool para poder sobreviver. Isso incluía produtos infantis, ovos congelados e produtos de café e chá carbonatados.

Durante a  vigência da Lei Seca, a cervejaria Coors também investiu em um laboratório de cerâmica e olaria que havia adquirido alguns anos antes.  A Coors Porcelain Company aproveitou a argila do Estado do Colorado para fazer de louças a velas de ignição, passando por utensílios de laboratório. Essa empresa de porcelana hoje é conhecida como CoorsTek. Ela é hoje a maior empresa de cerâmicas de engenharia do mundo.

A Miller Brewing Company conseguiu sobreviver em grande parte devido aos seus investimentos em participações imobiliárias. Antes da Lei Seca, a Miller possuía bares nos quais distribuía sua cerveja. A empresa vendeu alguns desses imóveis lucrou com seus investimentos em títulos municipais e internacionais, empréstimos hipotecários e títulos do governo para poder sobreviver.

A Pabst Brewing Company sobreviveu vendendo xarope de malte, comprando uma empresa de refrigerantes e alugando parte de seu espaço de fábrica para a Harley-Davidson, fabricante de motocicletas. A cervejaria também diversificou seu portfolio de produtos. Passou a fabricar pasta de queijo que era envelhecida nas adegas de gelo da cervejaria. Após a revogação da Lei Seca, a Pabst vendeu a linha de queijos para a Kraft.

A D.G. Yuengling & Son sobreviveu por meio da produção de cerveja sem álcool e sorvetes. Logo após a promulgação da Lei Seca, a empresa abriu uma leiteria e começou a fazer sorvetes que eram armazenados em suas instalações de refrigeração.

É obvio que, quando a lei seca foi banida em 1933, as cervejarias  que sobreviveram encontraram pouca concorrência no mercado norte americano. E isso as fez prosperar.

Mas, afinal, qual é a relação dessas histórias com o gerenciamento de projetos?

A resposta é simples. Todas essas empresas sobreviveram porque foram capazes de selecionar os projetos certos e de desenvolvê-los a tempo. As empresas que desapareceram não fizeram isso. Não é à toa que o gerenciamento de projetos é uma competência fundamental em tempos de crise. O momento atual não é muito diferente da situação dessas cervejarias no início do século 20. Hoje, não existe uma lei seca. Mas, constantemente surgem novos modelos de negócios que tornam irrelevantes empresas estabelecidas. Existe a constante introdução de novas tecnologias que mudam tudo, as interferências regulatórias de governos, a exigência de sustentabilidade e responsabilidade social e as mudanças profundas no gosto da clientela. Já reparou que os jovens dão mais importância a ter um celular do que um carro? Pois é. Sinal dos tempos. As montadoras de automóveis que o digam.

Qual a lição que fica?

Empresas precisam ter capacidades dinâmicas de adaptação para sobreviver, manter e aumentar a sua relevância no mercado. E isso inclui a necessidade de ter profissionais que sejam capazes de gerir portfólios de projetos e gerenciar projetos de mudança nas empresas, buscando criar produtos ou serviços capazes de gerar valor para os clientes e para as próprias empresas.

Para saber mais

Sobre a história das cervejarias, acesse:

https://www.history.com/.amp/news/brewers-under-prohibition-miller-coors-busch-yuengling-pabst

https://www.amazon.com/Ambitious-Brew-Story-American-Beer/dp/0156033593

Sobre o curso MBA em Gerenciamento de Projetos da FGV/Strong, acesse:

https://www.strong.com.br/cursos/mba-fgv/santos/gerenciamento-de-projetos/gerenciamento-de-projetos-2/

Sobre o autor:

Álvaro Camargo é um Profissional com 38 anos de experiência em projetos estratégicos em organizações de grande porte, incluindo projetos nas áreas de energia, tecnologia da informação, telecomunicações, indústria, setor petroquímico, óleo & gás, militar e saúde. É consultor, palestrante e autor de livros e artigos científicos. Professor dos cursos de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na Strong/FGV dá aulas em Santo André, Alphaville, Santos e São Caetano. Membro do Conselho de Administração da Federação Brasileira das Empresas de Consultoria e Treinamento (Febraec). Mestre em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Certificado como PMP (Project Management Professional) pelo Project Management Institute. MBA Administração de Projetos pela FIA – Fundação do Instituto de Administração (FIA/USP).


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